terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O Rottweiler: Uma história sobre medo e nome feio!


Medo é uma coisa estranha.
É controverso e necessário ao homem e ao seu instinto de sobrevivência.
O problema é que muita gente confunde medo com “ser cagão”, e coragem com “ser burro”.
 

O medo é necessário por exemplo na hora de entrar numa casa com um  rottweiler “sorrindo” com os dentes frontais e alguém diz a hedionda frase “Ele não morde não! ”
O medo te faz repensar e dizer coisas sábias neste momento, do tipo “Não entro ai nem fodendo!” ou ” Manda a tua mãe entrar, seu viado!”.
Este pequeno diálogo mostra como o medo atua no instinto de sobrevivência em uma situação banal.


Um “corajoso”, teria entrado de cara e passado uma semana tomando injeções na barriga no posto de saúde mais próximo, além de ficar com um pedacinho de algum membro desfalcado. Ou não!

O medo é necessário e deve ser respeitado para que você permaneça intacto e sem sangrar por partes estranhas do corpo (neste caso).
O problema é que o rottweiler às vezes não morde realmente, e pode estar rindo daquele jeito porque tem alguma paralisia facial, ou está com um chiclete preso nos dentes. Nunca se sabe.


Ele pode ser um rottweiler que quer somente que você entre e se sinta em casa. Ele vai trazer um bolinha e mostrar a ninhada, ser o melhor cachorro do mundo e fazer se sentir realmente à vontade.
O medo não deixa que o visitante veja o lado bom do cão.
O medo só mostra um instinto de preservação que muitas vezes deixa uma grade gerar a falsa segurança necessária.


Coitado do cão. Coitado do rottweiler.
As perspectivas do visitante conhecer a casa e se sentir seguro sem a grade caem por solo pelo medo idiota da dor.
Uma dor que é tão incerta quanto a dentada do Francisco (o nome do rottweiler é Francisco).


Do outro lado do portão, a expectativa do cachorro cai por terra. Ele não consegue se expressar o suficiente, e quando o faz é mal interpretado.
Francisco não queria morder Cremilda (o nome da visitante é Cremilda). Ele somente queria mostrar o seu aparelho ortodôntico para dentes “caninos”. (sem trocadilhos)
O medo manteve Cremilda em uma triste zona de conforto, o Francisco isolado numa falsa segurança e a platéia divida. 


(sim, tem uma galera assistindo a este drama).
Por que Crê (para os íntimos) quer entrar na casa? Simples!
Cremilda está presa do lado de fora e o Cão solto do lado de dentro.
Às vezes para ser feliz é preciso levar mordidas, ou simplesmente não se importar com elas.
Mordidas doem mas são necessárias para saber o quão forte você é.
Quem está fora tem medo de entrar e não querer sair. Quem está dentro tem coragem de quebrar o portão mas também tem medo da reação das pessoas lá fora.
Cremilda acha mais seguro sentir medo e se afasta para simplesmente olhar de longe a situação que se desenha na sua ausência.
Os planos de entrada na casa assim são mais fáceis de arquitetar.

O Rottweiler fica triste e o sorriso com borrachinhas dá lugar à tristeza. Ele esperou a tarde inteira no portão e ninguém abriu o cadeado.
Francisco não queria somente água e comida. Francisco queria passear sem coleira… porque ele não queria fugir.


Francisco queria ficar com o portão aberto para Cremilda entrar, mas mesmo com a chave ela teve medo.
Toda a platéia venceu o medo, entrou na casa, conheceu o cão e viu o cantinho preferido do animal. Até Juarez jogou a bolinha e ele foi buscar (Juarez é o carteiro que estava passando na hora do “moído”).

Mas faltava Cremilda. Ela não veio porque estava chupando um dindim em Dona Emengarda. (Dona emengarda é a dona do boteco na frente da casa de Francisco).
O que poucos sabiam era que Cremilda não estava com medo do cachorro, mas sim da platéia.


Esta NÃO é uma história sobre o medo.
Esta é uma história sobre como ser feliz dizendo “foda-se”!
Ser feliz é levar ao petshop, dar ração, vacinar e fazer carinho na orelha. Coisas que todo cachorro gosta. Coisas banais de cachorros e pessoas “felizmente banais”.
Ser feliz é um conjunto de coisas simples e corriqueiras que assustam muita gente. Cremilda só precisava ignorar a platéia e abrir o cadeado.
Moral da História: Cremilda é um nome feio do caralho e Francisco merecia uma chinelada para aprender a não ficar no portão latindo para as pessoas do boteco.




 http://blogs.portalnoar.com/asmerdasqueeupenso



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