domingo, 6 de julho de 2014

SAÙDE - Falhas estruturais são riscos permanentes no Walfredo Gurgel

   O anseio do legado da Copa do Mundo, com estrutura “padrão Fifa”, não alcançou todos os equipamentos de serviço à população do RN. Mesmo sendo o maior hospital de urgência e emergência do Estado, com ações importantes, especialmente no campo da ortopedia, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel e Pronto-Socorro Clóvis Sarinho,  deixa a desejar na estrutura do seu prédio que revela necessidade de cuidados e manutenção.

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE percorreu nesta sexta-feira, 4, boa parte do complexo hospitalar a fim de verificar a situação estrutural do local. Foi visitado tanto o prédio do HMWG, inaugurado ainda em 1971 e com atividades iniciadas em 1973; como também o anexo à frente, de ano mais recente, 2001, Pronto-Socorro Dr. Clóvis Sarinho. Ao todo, o complexo hospitalar possui estrutura para 264 leitos, destinados ao atendimento em diversas especialidades, como clinica médica, cirurgia geral, cardiologia, e especialmente ortopedia.



Foram encontradas falhas que ultrapassam a preocupação no aspecto visual e entram no campo de risco à saúde. É comum aos leitos e macas do hospital ferrugem, provocada pelo desgaste dos equipamentos. Semelhante situação em apoios de segurança dos banheiros. Um susto para pacientes e acompanhantes. Há três meses, por exemplo, uma tubulação rompeu na sala de estar médico na UTI Cardiológica. O caso foi parar na rede social YOUTUBE.

Paulo Dias, 32, estava internado na enfermaria há quatro dias e considera “um absurdo” a situação em que ficam expostos. “A situação piora porque só temos esse banheiro para nós (pacientes) e os acompanhantes. Em um quarto são seis pessoas usando o mesmo banheiro”, reclama enfatizando a questão da higiene médica. 

Ele acrescenta ainda que o vaso sanitário do quarto que ocupa está com vazamento. “Quando dá descarga  sai água por trás. Mais uns dias e fica tudo inundado”, diz. Ainda em questão de higiene, Paulo reclama ainda dos baldes de lixo hospitalar que ficam próximo às entradas dos quartos provocando odores.

Em um dos banheiros do pronto-socorro, próximo ao setor de acolhimento, o único banheiro, unissex, para pacientes, acompanhantes e transeuntes, estava sem a encanação da descarga. A porta era fechada improvisadamente com uma corda. E a barra de segurança par ao banho totalmente enferrujada. O banheiro estava em uso, e logo após a saída da equipe de reportagem, um funcionário se encaminhou ao local com material de encanação em mãos.

No teto desde mesmo corredor e  na escadaria de acesso aos andares das enfermarias, as infiltrações já provocavam mofo no teto e parede. As portas e entorno de madeira desgastados, parede descascando. Além disso, problemas nas instalações elétricas. Do primeiro ao quarto andar das enfermarias no HMWG há fiação exposta e iluminação incompleta.

Segundo o médico intensivista do hospital, Sebastião Paulino, todas essas situações “contribuem fortemente para o aumento no índice de infecção hospitalar”. Esses fatores podem interferir diretamente no tratamento e recuperação dos pacientes. “Se torna uma preocupação a mais para nós quando cuidamos dos pacientes”.

Maria Bruno da Silva, 61, lamenta também pela falta de acolhimento para os acompanhantes. Ela está há quase quinze dias no hospital e tem somente uma cadeira plástica para o descanso. Esta é a situação da maior parte dos acompanhantes, fora aqueles que conseguem uma cadeira de balanço, em menor número. “O hospital não é um bom lugar para ficar. Mas, eu não posso deixar meu marido sozinho. Todos os dias tenho que dormir nessa cadeira. É difícil. Nada confortável, principalmente para minha idade”, diz. “Será muito a gente pedir o mínimo de condições para o conforto? Nós também precisamos estar bem para ter forças para cuidar dos nossos familiares.




Tribuna do Norte

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